quarta-feira, 27 de abril de 2011

Análise de um fato político segundo Maquiavel.

               O livro “O Príncipe” é o texto mais famoso e conhecido do pensador Nicolau Maquiavel (1469-1527). Por conta de gerar diversas interpretações e polêmicas, o livro atravessou séculos, e ainda hoje muitas de suas máximas podem ser aplicadas em fatos políticos atuais. Visto como um manual de conselhos para os governantes, ou como um tratado de politica, o livro apresenta reflexões sobre como o príncipe deve governar e manter seu Estado. A visão de que o governante (o Príncipe) para alcançar seus objetivos pode abrir mão de conceitos ditos morais, é totalmente aplicado nos dias na atualidade e por isso o livro pode ser considerado atemporal. Baseado no capítulo V “De que modo se podem administrar cidades ou principados que, antes de conquistados, tinham suas próprias leis” e na ideia “(...) não há modo seguro de controlar tais cidades senão as destruindo; e aquele que se tornar senhor de uma cidade habituada a vier em liberdade e não a reduzir a ruina será mais cedo ou mais tarde arruinado por ela(...)” realizamos uma analise comparativa com a invasão dos norte-americanos no Iraque.
               A exemplo de como sua ideologia pode ser aplicada a um fato político recente, temos a invasão pelas Forças Armadas americanas ao Iraque, com a justificativa de depor o ditador Saddam Hussein e neutralizar possíveis ameaças de armas de destruição em massa que tal ditador possuía. Após a invasão, foi constatado não haverem tais armas e o ditador Hussein terminou deposto e executado. Em uma visão maquiavélica, tal invasão foi justificável, ainda que uma de suas justificativas tenha se provado infundada, uma vez que o discurso do governo iraquiano e algumas de suas ações fossem contrárias ao governo americano. Sendo também que o petróleo, essencial para a manutenção dos Estados Unidos como potência, tinha seu comércio dificultado pela política contrária adotada pelo Iraque, sendo este último detentor de grandes reservas de tal recurso. Dessa forma, qualquer ação por parte do governo americano é justificada pelo simples fato da manutenção do seu governo, terminando com qualquer ameaça, sendo que é melhor terminar com tal ameaça enquanto ela ainda é passível de controle, e não permitir um fortalecimento de tal ameaça em potencial “(...) sucede o mesmo aos assuntos do Estado: se aos males se conhece com antecedência, o que é concedido apenas aos homens prudentes, rapidamente se pode curá-los; mas se, por ignorados, aumentam a ponto de a todos se dar a conhecer, não terão, aqueles males, mais remédio(...)”, de forma a impor a estabilidade de sua posição, ainda que isso contrariasse a opinião de outros países com peso considerável e de órgãos supranacionais como a ONU.
O Estado americano depois de ter usado a força como meio legítimo de defender seus interesses e ter sido virtuoso em parte, já que conseguiu seu objetivo de depor o ditador. Por outro lado falha ao tentar impor o seu modo de governo ao Iraque. Maquiavel atribuiria esse fracasso ao fato de os Estados Unidos não terem levado em conta os três fatores fundamentais para conseguir manter territórios que antes eram regidos por leis próprias. “(...) a primeira, arruiná-los; a segunda, ir habitá-los pessoalmente; a terceira, deixá-los viver sob suas leis, mas auferindo tributos e criando ali dentro um governo oligárquico, que os mantenha fieis(...)” Outro fator que dificultou e tornou instável e onerosa a dominação americana do Iraque foi a resistência de antigos membros do governo de Saddam Hussein e de outros habitantes contrários a presença estrangeira em seu território. Além disso, a presença de um líder forte, que representaria os americanos e cativasse a população iraquiana, legitimando a influência de um país estrangeiro, também não foi feita, uma vez que a ocupação foi feita de modo hostil e a presença é predominantemente militar, e, portanto intimidante ao invés de cativante. Sob o terceiro aspecto, podemos claramente ver que os antigos modos de governar foram desrespeitados, sendo que a afirmativa para a presença dos EUA após a deposição e constatação da ausência de armas de destruição em massa, foi o estabelecimento da democracia no país, algo que antes não existia.
           Assim os Estados Unidos não foi virtuoso, já que pelo exposto, não seguiu a risca um dos pensamentos de Maquiavel que se deve ser forte como um leão e esperto como uma raposa, para assim consolidar o seu poder.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Para a política o bem comum é a ordem?

Partindo do pressuposto de que para existir organização em uma sociedade, é necessária a intervenção de um corpo político, podemos entender que ele por si busca instituir a ordem e um rumo a ser seguido pelos indivíduos.  Temos assim diversas situações de grupos ou lideres políticos que tentam e tentaram estabelecer a ordem de um pais, seja de uma forma extremamente radical ou passiva, tais como Hitler,Gandhi,  OTAN, ONU, etc.
Dessa forma, a busca por determinado bem estar social acaba sendo traçada pela política, que visa sempre o bem comum , em forma de objetivo social (votos e leis), ou um fim que a sociedade procura para sanar qualquer desordem que possa ameaçar o desenvolvimento integral do ser humano e da política.

Rafaela Magyar.



O bem comum não pode ser generalizado, já que o que é bom para alguns é ruim para outros.
A ordem ajuda estabelecer regras que favoreçam a todos, independentemente de raça, religião ou sexo. De modo que a ordem é um fator essencial para a política. E é apenas desrespeitando a própria ordem que essa se torna um problema, por exemplo quando um grupo que exerce o poder impõe uma ordem baseada prioritariamente em seus interesses ao invés de uma baseada nos interesses da sociedade como um todo, esse grupo está criando uma desordem pois para a ordem suceder como bem comum da política essa tem que representar os direitos da sociedade inteira e não de um pequeno grupo.
Direitos da sociedade são representados por leis que favoreçam um pouco cada um de forma a criar uma balança onde todos tem seus direitos representados, afinal para chegar a um bem comum cada um tem que abrir mão de um pouco de sua liberdade como indivíduo para ser favorecido pelo Estado, por exemplo com o monopólio da coerção física do Estado. Onde os sujeitos abrem mão do uso da violência com a “garantia” de segurança do Estado.
Assim a ordem contanto que medida pelos interesses da sociedade como um todo se estabelece como um bem comum.

Ana Clara Ribeiro.



Para o poder político a ordem pode ser considerada um bem variável. Quando surge o poder político é vantajoso uma desordem, seja ela de qualquer tipo, desde que o poder político seja capaz de controla-la e assim justificar sua posição e conseguir apoio popular, porém uma vez que o poder político consegue fixar sua posição a ordem se torna um bem comum para manter o status quo da situação de dominação social. Ainda assim, uma vez que o poder político se desgasta ou os motivos de sua importância passam a ser questionados, novamente uma desordem, passível de controle, torna-se um bem para o poder político, já que para os governantes o bem comum fixo é a manutenção de sua posição.


Fernão Kastrup.
 A Ordem na Política, ou seja o bom funcionamento das relações entre esses indivíduos e a associação política, pode ser conseguida através da tentativa de se alcançar um Bem comum, a sociedade se organiza em torno de uma associação política tendo em vista uma melhora significativa em sua vida, de fato as primeiras sociedades se juntaram por necessidade de proteção. Porém o Bem Comum é muito difícil de ser alcançado ou mesmo de ter um caminho para ele, tendo em vista que em praticamente todas nossas sociedades houve diferentes classes e posições sociais com idéias variadas sobre suas vontades.

    Quando esse Bem Comum que o estado proporciona não é o suficiente, o que não é raro, A associação política então usará do poder de coesão para manter a ordem, de fato é esse poder que garantira realmente a ordem, e que os cidadão apesar de descontentes continuem sobre a esfera de influencia. Vemos então que os constantes progressos para o Bem Comum só ira diminuir a desordem, porém quem garantira a ordem, independente das vontades dos indivíduos, será o poder de coesão. 

Lucas Abramo.


Para o funcionamento de uma sociedade, o Estado tem que manter necessariamente uma ordem política, que formule regras de conduta a fim de coordenar a interação entre as pessoas. Um dos objetivos da manutenção da ordem é atender aos interesses públicos com o objetivo de alcançar o bem comum, a paz e a organização social. Porém, há diversos graus de comprometimento com o “bem comum”, dependendo do tipo de governo. Assim, a questão proposta “o bem comum é a ordem?” é um tanto quanto imprecisa, pois em uma ditadura apesar de ter ordem, as pessoas são censuradas, não há igualdade de direitos e uma vez que os governantes se aproveitam do poder e fazem com que seus interesses particulares prevaleçam sobre o interesse geral, o bem comum não é atingido. 


Caio Nogueira.